Peña,
Maria de los Dolores J. , Meister, Izabel P., Ambrogi, Ingrid Hötte, Ranieri,
Paulo, Nepunuceno, Marcos, Santos, Bruno Carvalho dos,(sd), Recursos Educacionais Abertos: nova cultura de produção e socialização
de saberes no ciberespaço, disponível em: http://oer.kmi.open.ac.uk/?page_id=2115
Neste
artigo, entende-se que o REA (Recurso Educacional Aberto) “não pode ser
colocado apenas como um recurso isolado, mas entendido como capaz de conter em
si implicações educacionais de caráter político, económico, legal, tecnológico
e sociocultural num ecossistema sem o qual se estabelece um movimento no vazio,
centrado em si mesmo, e corremos o risco de entendê-lo apenas pelo seu aspecto
operativo, como componente ou insumo, e não parte de um processo”. Segundo a
UNESCO “o acesso universal à educação de alta qualidade é a chave para a
construção da paz, do desenvolvimento social e económico sustentável, e do
diálogo intercultural”.
O sociólogo
português Boaventura de Sousa Santos (2002), defende que “a globalização pode
por um lado difundir culturas de minorias distantes dos grandes centros
urbanos, e por outro, ao mesmo tempo, torná-las pasteurizadas, fazendo com que
as mesmas se apaguem em um universo homogeneizante”.
A tecnologia
possibilitou a proliferação da educação e democratizou o acesso à educação e a
recursos educacionais livres e abertos, denominados de REA.
Neste texto REA “são
materiais de aprendizagem, ensino ou pesquisa que estão em domínio público ou
liberados com uma licença de propriedade intelectual que permita a livre utilização,
adaptação e distribuição, em qualquer suporte ou mídia, incluindo software para
criação e gestão de conteúdos”.
O termo Recurso
Educacional Aberto foi adotado no Fórum da UNESCO de 2002. Um pouco mais tarde,
em 2005 a UNESCO cria OER Community wiki para dividir informações e trabalhos.
Neste mesmo ano é criado o OpenCourseWare Consortium, uma comunidade mundial
formada por instituições de educação e organizações associadas que tem como
propósito o avanço do OpenCourseWare bem como o impacto que este tem na
educação global.
Em 1999, o MIT (Massachusetts
Institute of Technology) levanta a hipótese de usar a internet para promover o
conhecimento e educar os estudantes e em 2000 propõe o OCW (OpenCourseWare)
como plataforma para inserir os seus cursos de forma aberta. Hoje são
disponibilizados mais de 2000 cursos.
Em 2008, o Projeto
sobre Recursos Educacionais Abertos “Desafios e Perspectivas”, no Brasil, foi
um dos pioneiros a tentar apropriar-se da realidade e das perspectivas
brasileiras numa discussão internacional sobre o assunto.
Sob o ponto de
vista político e de direitos de autor os REA são do domínio público e licenciados
de maneira aberta.
É também abordado
neste texto a legislação brasileira, sobre os direitos de autor e a forma como
se enquadra legalmente os REA.
Com a criação dos
Creative Commons, em 2001, uma organização que busca dar suporte e
infraestrutura legal para a distribuição de criações digitais, vem dar aos REA
um apoio que até então não era possível. São estas licenças legais (CC
licenças) que permitem o uso e o compartilhamento de materiais que, em um olhar
ampliado, ajudam a promover o compartilhamento do conhecimento. O acesso aberto
a estes recursos deve ser dado por um conjunto de condições que propiciem ações
criativas de construção de REA e de compartilhamento destes recursos para contribuir
para uma educação aberta ao longo da vida e de forma consistente.
Refere-se então alguns
REA: o Portal dos professores em língua
portuguesa lançado em 2008, com o intuito de apoiar os processos de
formação dos professores brasileiros e enriquecer a sua prática pedagógica; O
Jornal do Professor, um espaço informativo que retrata quinzenalmente, temas
relacionados com a Educação; O Conteúdo multimídia com diversos recursos
editados em diferentes linguagens como simulação, animação, vídeos, experimentos
práticos, mapas, infográficos; Os Cursos e Materiais disponibiliza diversos
cursos e materiais para aprimorar e subsidiar a aula; O Interação e Colaboração um espaço onde os
profissionais da educação podem interagir por meio de chat, blog, fórum entre
outros; O Links um espaço que disponibiliza diversos sites e portais,
(nacionais e internacionais), principalmente educacionais; A Plataforma Freire
um espaço informativo destinado a consultas do Plano Nacional de formação de
professores da educação básica brasileira.
É ainda
referenciado O iTune como um agregador de REA. Os REA disponíveis no iTunes são
de nível escolar superior e de escola básica. Contrariando a política de
abertura do REA encontramos a impossibilidade de acesso a este catálogo de
forma completa em dispositivos que não são do sistema Apple o que cria uma
contradição entre a proposta política de REA e a ação.
Refere-se oYouTube EDU que é considerado REA
editados na linguagem audiovisual destinados para a educação.
O Youtube Teachers que integra o YouTube
EDU e o YouTube for schools que agrega centenas de listas de vídeos
direcionados à educação. O youtube permite a licença creative commons que é um
primeiro passo nesta direção porque permite a modificação do audiovisual pela
inserção de legenda (no próprio YouTube), mas por outro lado, não permite o
download e portanto a possibilidade de duplicação ou a remistura do material, que são
barreiras para a fluidez da cultura de REA.
Refere-se ainda o REA em Jornalismo onde
se parte do pressuposto de que notícias, na visão de Okada, Mikroyannidis,
Meister e Little também podem ser recursos de informação aberta.
Em 2005 é criado o
portal de notícias uma espécie de cruzamento entre blog (agregador de blogs),
diário e comunidade com uma produção diária, 24 horas por dia.
Refere-se o Wikinews
lançado em 2004, sendo este apresentado como proposta de “não ter chefes” e
qualquer pessoa poder publicar textos, num sistema que os mais tradicionalistas
chamariam de anarquia no jornalismo.
As notícias podem
ser recursos de aprendizagem a partir do momento em que a cibercultura
possibilita a participação de todos nos relatos que podem ser de todos mediante
as ampliações, modificações e recriações.
“O REA não pode
ser entendido como um recurso operacional sob o risco de colocá-lo em um
movimento recursivo no vazio, como insumo, centrado em si mesmo. Deve, ao
contrário, ser percebido como parte de um ciclo virtuoso da educação como
direito e do conhecimento como um bem público”.
Ao analisarmos
este artigo ficamos com uma ideia mais clara da definição de REA e da sua
evolução.
Faz-nos um
enquadramento histórico do seu aparecimento e desenvolvimento, e apresenta-nos
uma nova posição o REA no jornalismo.
Ao fazer um
enquadramento legal, remete-nos obigatóriamente para as licenças destes
recursos, explicando bem, os CC. Ao fazer o enquadramento legal, é referida a
legislação brasileira, que não é tão diferente da europeísta, pelo menos no
ponto do copyright.
Apresentam-nos
alguns projetos desenvolvidos naquele país que serão sempre bons exemplos para
se aprofundar conhecimentos e clarificar ideias para projetos de REA atuais e
para projetos futuros.
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